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A Despedida do Rei: 50 Anos da Última Partida de Pelé na Vila Belmiro
Por Redação FutPonte em 02/10/2024 13:48
A Noite da Despedida: Um Adeus Emocionante
O dia 2 de outubro de 1974 marcou para sempre a história da Vila Belmiro. A partida entre o Santos e a Ponte Preta, pelo Campeonato Paulista, não era apenas mais um jogo. Era a despedida de Pelé, o Rei do Futebol, do gramado que o viu brilhar por 18 anos. A atmosfera era carregada de expectativa, mistério e uma imensa dose de emoção. Todos queriam saber se Pelé, que se recuperava de uma contusão, entraria em campo. Se sim, por quanto tempo?
A Vila Belmiro ferveu. Mais de 20 mil torcedores lotaram as arquibancadas, ansiosos para testemunhar o último ato do ídolo. E ele aconteceu. Passados 20 minutos do primeiro tempo, Pelé, com a camisa 10, segurou a bola com a mão, iniciando um ritual digno de sua grandeza. Ajoelhou-se no gramado, virou-se para os quatro lados, em um gesto de gratidão a Deus, aos companheiros e à torcida. As lágrimas rolaram. Era o fim de uma era.
Pelé iniciou uma volta olímpica, abraçando os companheiros e recebendo o carinho da torcida. As lágrimas do Rei do Futebol emocionaram santistas do mundo inteiro. A partida, que marcou o fim de uma trajetória gloriosa, foi um momento único na história do futebol brasileiro.
A Última Partida: Momentos Inéditos
A partida, além de ser um marco na história do futebol, também foi um momento de despedida para outros jogadores santistas. Entre eles, Da Silva, um jovem ponta de lança de 17 anos, que teve a honra de jogar ao lado do Rei. "Foi muito importante para a minha carreira porque eu vinha de uma contusão grave, quando fiquei parado por 1 ano e 2 meses", relembra Da Silva , que guarda com carinho as palavras de Pelé: "Baixinho Da Silva , jogue o que você sabe. O mundo já me conhece. Hoje vai conhecer você".
A partida também marcou a estreia de Gilson, ponta-direita que substituiu Pelé. "Estávamos concentrados na Chácara Nicolau Moran, em São Bernardo do Campo. Por se tratar de um jogo especial, Pelé não se concentrou com o time", relata Gilson. "Ele se apresentou na quarta-feira de manhã para se encontrar com a gente".
Gilson esperava entrar em campo, mas o técnico Tim optou por escalar Da Silva . "Quando a equipe chegou à Vila Belmiro, Pepe, o Canhão da Vila, à época supervisor do Peixe, chamou Gilson para uma conversa", conta o ex-jogador. "Era para me tranquilizar. Ele me passou confiança, fiquei mais calmo, mas esperei ansioso pelo momento".
Uma Noite para a História: O Adeus do Rei
Gilson, que estava emprestado pela Portuguesa Santista, entrou em campo no lugar de Pelé. "Imagine um atleta que estava emprestado pela Portuguesa Santista ter a chance de participar da despedida do melhor jogador do mundo? É uma sensação que não dá para descrever", afirma Gilson, que ainda se emociona ao relembrar o momento. "Entrei, joguei, participei dos lances de gol, mas confesso que só uns dias depois caiu a ficha: eu tinha entrado em campo no lugar do Pelé".
A Vila Belmiro, lotada, vibrava com a despedida do Rei. "Dá uma saudade danada", confessa Gilson. "Como eu gostaria de voltar no tempo para curtir mais aquele período. Como os jogadores me receberam bem. E o Pelé, então? Que cara generoso, espetacular. Era tão humilde que quando ia dar entrevista me colocava do lado dele só para mostrar quem era aquele novo ponta-direita do Santos".
Guilherme Guarche, historiador do Centro de Memória do Santos Futebol Clube, também presenciou a partida histórica. Naquele 2 de outubro, ele tinha 22 anos e trabalhou o dia inteiro na Companhia Docas de Santos (CDS). "Eu sai correndo para não perder a hora, mas o transporte demorou". "Entrei no ônibus 52, em direção à Vila Belmiro, e quando cheguei o jogo estava para começar".
Guarche conseguiu um lugar nas arquibancadas e acompanhou o jogo de pé, atrás do gol da Ponte Preta . "O que eu me lembro quando o Pelé começou a dar a volta olímpica. Eu saí da Vila e fui embora no início do segundo tempo porque estava chorando", conta o historiador. "Foi a primeira e última vez que chorei dentro de um campo de futebol".
A partida de despedida de Pelé na Vila Belmiro foi um marco no futebol brasileiro. A emoção, o carinho e a admiração do público marcaram para sempre a história do Rei do Futebol, que se despediu dos gramados com o mesmo brilho que o consagrou como o melhor jogador do mundo.
O dia 2 de outubro de 1974 marcou a despedida de Pelé da Vila Belmiro. Um dos momentos mais emocionantes da história do futebol brasileiro. https://t.co/QjQ7bWvQ7V
— Santos FC (@SantosFC) October 2, 2023
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