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Queda de Gigantes: Análise do Campeonato Brasileiro Série B 2024
Por Redação FutPonte em 29/11/2024 12:19
O Declínio dos Clubes Campineiros: Um Dérbi Histórico na Série C
A temporada 2024 da Série B do Campeonato Brasileiro reservou momentos contrastantes para os times paulistas. Enquanto Santos, Mirassol e Novorizontino protagonizaram disputas acirradas nas primeiras posições, Guarani, Ponte Preta, Ituano e Botafogo-SP travaram uma batalha árdua contra o rebaixamento. A competição expôs uma mudança significativa na hierarquia do futebol paulista, com a ascensão de equipes do interior e a queda de gigantes tradicionais.
Para Campinas, a cidade outrora conhecida como a "capital do futebol", o cenário é, no mínimo, desolador. Com o rebaixamento de Guarani e Ponte Preta para a Série C, o clássico entre as equipes será disputado pela primeira vez na terceira divisão em seus 112 anos de história. Um golpe duro para a tradição e o prestígio do futebol campineiro, que outrora ostentava grandes equipes e jogadores de renome nacional e internacional.
No passado, Ponte Preta e Guarani ostentavam elencos poderosos, alcançando feitos memoráveis no cenário nacional. O Guarani, por exemplo, sagrou-se campeão brasileiro em 1978. A dupla campineira protagonizou momentos épicos, como a decisão do primeiro turno do Campeonato Paulista de 1981 e o "Dérbi do Século" em 2012, quando o Guarani venceu a Ponte por 3 a 1, garantindo vaga na final do Paulistão.
A Ascensão do Mirassol: Um Modelo de Sucesso no Futebol Paulista
Em contraponto à queda dos clubes campineiros, o Mirassol emerge como um exemplo de sucesso no futebol paulista. Fundado em 1925, o clube alcançou a elite do Campeonato Paulista em 2008, sofrendo um breve rebaixamento em 2013, mas retornando em 2017 e permanecendo desde então. A nível nacional, a trajetória do Mirassol é igualmente impressionante. Após participações na Série D, o clube conquistou o título em 2020 e, após duas temporadas na Série C, conquistou o acesso à Série B em 2022, tornando-se uma das 22 equipes com títulos em mais de uma divisão nacional.
Um marco fundamental para a ascensão do Mirassol foi a venda do atacante Luiz Araújo para o Lille, da França. O clube lucrou quase R$ 8 milhões com a negociação, investindo boa parte do valor na construção de seu centro de treinamento (CT), inaugurado em 2018. Em apenas cinco anos, o Mirassol se transformou de um time sem expressão em nível nacional para um clube que disputará a Série A do Campeonato Brasileiro em 2025, ano de seu centenário.
A trajetória do Mirassol demonstra que planejamento estratégico, investimento em infraestrutura e gestão eficiente são pilares fundamentais para o sucesso no futebol. Sua ascensão serve como um exemplo inspirador para outros clubes que buscam trilhar um caminho semelhante.
O Novorizontino: Consistência e Perto da Elite
Outro time do interior de São Paulo que se destacou na temporada foi o Novorizontino. Fundado em 2010, o clube herdou a identidade visual e as cores do antigo Grêmio Esportivo Novorizontino, que disputou a final do Campeonato Paulista e venceu a Série C antes de encerrar suas atividades no final da década de 1990. O Novorizontino teve uma ascensão meteórica, conquistando três acessos em quatro anos: Bezinha (2012), Série A3 (2014) e Série A2 (2015).
Após uma campanha modesta na elite paulista em 2016, o Novorizontino se consolidou no cenário estadual, chegando às quartas de final por três anos consecutivos (2017 a 2019), inclusive com eliminações memoráveis contra o Palmeiras. O clube conquistou o acesso à Série D em 2018 e, em sua primeira participação na Série C, alcançou a Série B.
Apesar de um rebaixamento no Campeonato Paulista em 2022, o Novorizontino demonstrou resiliência, retornando à elite estadual em 2023 e chegando às quartas de final da competição em 2024, eliminando o São Paulo e caindo apenas para o Palmeiras na semifinal. A equipe esteve muito próxima do acesso à Série A, mas acabou perdendo a vaga na última rodada para o Ceará.
O Sofrimento de Guarani e Ponte Preta: Um Retrato da Crise no Futebol Tradicional
A Ponte Preta , após chegar à final da Sul-Americana em 2013 e flertar com a Libertadores em 2016, acumulou três rebaixamentos nos últimos sete anos: Brasileirão 2017, Série A2 do Paulistão 2022 e Série B 2024. A equipe conquistou o título da Série A2 do Paulistão em 2023, retornando à elite estadual e chegando às quartas de final em 2024, mas a queda para a Série C representa um duro golpe para a sua história.
O Guarani, campeão brasileiro em 1978, também enfrentou graves problemas. Após flertar com o sucesso com o acesso à Série B em 2009 e o vice-campeonato estadual em 2012, o clube acumulou três rebaixamentos: dois na Série B (2012 e 2024) e um no Paulistão (2013). Problemas financeiros e dívidas afetaram o desempenho da equipe, que terminou a Série B de 2024 na lanterna, com 32 rodadas na última posição.
Tanto Ponte Preta quanto Guarani enfrentam desafios significativos, incluindo dificuldades financeiras e a necessidade de uma reestruturação administrativa e esportiva para retornar aos seus dias de glória. A queda para a Série C marca um momento crítico na história de ambos os clubes, exigindo uma profunda reflexão sobre suas gestões e estratégias futuras.
O Ituano: Um Ano para Esquecer
O Ituano vivenciou um ano catastrófico, com dois rebaixamentos: o primeiro no Campeonato Paulista, encerrando uma sequência de 25 anos na elite estadual, e o segundo na Série B, retornando à terceira divisão após três temporadas. O clube, que já foi campeão paulista em 2002 e 2014, não conseguiu se recuperar após um início de temporada conturbado e passou a maior parte da Série B na zona de rebaixamento.
A queda do Ituano demonstra a fragilidade de equipes que, mesmo com tradição e momentos de glória, não conseguem se adaptar às novas exigências do futebol moderno. A necessidade de investimentos, planejamento estratégico e gestão eficiente se faz ainda mais presente para a recuperação do clube.
A temporada 2024 da Série B do Campeonato Brasileiro expôs a dinâmica em constante mudança do futebol, com a ascensão de novos clubes e a queda de tradicionais. A análise dos casos de Mirassol e Novorizontino, por um lado, e Guarani, Ponte Preta e Ituano, por outro, oferece importantes lições sobre sucesso, resiliência e a necessidade de adaptação para a sobrevivência no cenário competitivo do futebol brasileiro.
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